Esterilização compulsória das refugiadas nos centros de detenção dos Estados Unidos

Autores

  • Cassia Pimenta Meneguce Universidade Estadual de Londrina

DOI:

https://doi.org/10.69818/gc.v1.n1.93-107.2024

Palavras-chave:

Refugiadas, Esterilização Compulsória, Autonomia Privada, Direitos Humanos, Planejamento Familiar

Resumo

Ocupa-se o presente artigo em estudar a situação de mulheres refugiadas que se encontram em campo de detenção nos Estados Unidos. Destina-se a analisar especificamente a denúncia de que algumas delas são submetidas à prática ilegal de esterilização compulsória em flagrante violação aos direitos humanos. A esterilização compulsória consiste em um procedimento cirúrgico que torna a mulher estéril e impedida de gerar seus filhos. O objetivo desta pesquisa é promover a reflexão acerca das consequências dessa prática ilegal ocorrida nos países de acolhida, bem como analisar se a legislação aplicável ao caso é eficiente para repelir essa conduta violadora de direitos humanos. Para tanto, aborda a violação da autonomia privada da mulher submetida à esterilização compulsória, que lhe retira o seu direito natural de ser mãe. A esterilização compulsória pode ser considerada uma prática eugênica que visa a eliminação de determinados grupos sociais, seja por motivos religiosos, étnicos e discriminatório das mais variadas formas, na cruel busca de aperfeiçoamento da raça humana. O ponto de partida deste artigo é a denúncia formalizada por uma enfermeira que trabalhava no centro de detenção no Estado da Georgia, nos Estados Unidos, por meio da qual veio à lume o fato de algumas mulheres serem submetidas à esterilização compulsória em flagrante violação da dignidade da pessoa humana uma vez que retira delas o poder de decisão sobre seus direitos sexuais e reprodutivos.

Biografia do Autor

Cassia Pimenta Meneguce, Universidade Estadual de Londrina

Mestranda em Direito Negocial pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Especialista em Direito
Constitucional (2008). Professora de Direito Civil. Vinculada aos Projetos de Pesquisa “Negócios Biojurídicos” da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e “Contratualização da Relações Familiares e das Relações Sucessórias” da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Servidora Pública do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

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Publicado

2024-07-29

Como Citar

Meneguce, C. P. (2024). Esterilização compulsória das refugiadas nos centros de detenção dos Estados Unidos. Global Crossings, 1(1), 93–107. https://doi.org/10.69818/gc.v1.n1.93-107.2024

Edição

Seção

Dossiê Cidadania Global

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